Silêncio
Só um sol penetrando entre nuvens
Só o vento insistindo em adentrar
Só o frio vencido pelos edredons
E o estalo das páginas lidas
Só a respiração que oscila entre as diversas paisagens do livro
Só o zunir da energia de nossos corpos, entrelaçando-se
E, lá fora, os carros
longe...
Só um bocejo ou outro
Só um tic-tac e um tunc-tunc
Só minha pena deslizando
E o murmúrio da saliva escorregando traquéia abaixo
Só a movimentação de nossas órbitas oculares observadoras
Só o ir e vir de pensamentos domingueiros, vagos...
E, aqui, você
pertinho...
E o silêncio!
Reinando absoluto, servindo-nos de ponte
entre um beijo e outro.
Quem se atreverá a demolir
tão belo castelo de areias e cartas?
O tempo se encarrega de tecer lembranças
com fios indestrutíveis e onipresentes.
E o cosmos registra pra sempre no éter
meu sorriso de contentamento no hoje
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