domingo, 22 de junho de 2014

Sinto falta

Do seu olhar me inundando 
Dos seus braços 
Das beleza das suas mãos
Completamente livres em nossa nudez
De sentir saudade
Do seu corpo na cama
Do seu canto no meu ouvido
Whenever, wherever, whatever...
De andar de mãos dadas
De você na sua camisa cor de rosa
Do cheirinho do café prontinho
De estar na estrada, ali do seu lado
Da inocência dos inícios 
De você naquela foto em preto e branco
Do amanhecer na praia
Da sessão de fotos nas pedras
De ouvirmos juntos o mesmo mar e o mesmo vento
Da minha completude em um sonho, nosso
Da não-necessidade do amanhã em previsões
De me sentir repleta de amor
Do contentamento descontente
Da sua alma desfrutando aqui, o melhor lugar
Da sua coragem, pra frente, é hoje
Dos seus cabelos entre meus dedos
Das suas histórias de mundos desconhecidos
Da sua fé que inventa um novo verso
Da minha fé nos oferecendo flores de manhã 
Das palavras não ditas, até, entre fumaças e goles
Da sua companhia entre os vagões do metrô
Do toque dos seus dedos nas avenidas das minhas costas
Da recostar em você minha preguiça depois da noite, antes da noite, à noite...
Da nossa amizade generosa e sem cortes
De reconhecer na sua, a minha alegria
De dividir melodia, ritmo, ilusões e entrega
Da sua letra em rabiscos rimando num caderninho roto
De me ver com sorte por também ser sua
De abraçar o mundo inteiro em sorrisos e diferenças
De aprender de mim, em você
De ouvir o silêncio a assimilar nosso suor
De trocar presentes, carinhos e passados
De ver em vocé a outra linha ao meu lado, paralelamente, independentemente...
Do teu orgulho traçando em cores amanhãs famintos...
Ignorando dores que ontem te nublavam
Da tua língua dobrando no "L"
Do teu dom
Do meu Dom

Sou assim
Saudade e espera
Estou assim
Silêncio e espaço
Vou na certeza dos ventos que trazem, e também levam...

Se um temporal se anuncia
Se sinto sua falta
Vou na crença dos ventos que levam, mas também trazem
No tempo
Certo
A cura
Às vezes, na vida, você se depara com um amor desconhecido
e sem razão, parece que já lhe pertence
Deve ser porque eu me tornei alguém por amar você, dear life

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Ne me quitte pas

A dificuldade de se apaixonar por uma criação sua,
Que num determinado momento ganha vida própria e, se vai de você
- não que eu deseje mais o sonho
É que não é nada fácil me libertar, desiludida
E choro, num rondó eterno, pela volta do meu bem - que nem era
Volta...
Não me deixe
É preciso esquecer
Tudo pode ser esquecido, que já tenha passado
Esquecer os tempos dos mal-entendidos
E o tempo perdido tentando saber 'como'
Esquecer as horas que às vezes mataram a golpes de 'porque' a última felicidade
Não me deixe

Não me deixe
Te oferecerei pérolas de chuva vindas de países onde nunca chove
Escavarei a terra
Escaparei da morte para cobrir teu corpo de ouro, de luzes
Criarei um país onde o amor será rei, onde o amor será lei
E você a rainha 
Não me deixe

Não me deixe
Te inventarei palavras absurdas que você compreenderá
Te falarei daqueles amantes que viram de novo seus corações ateados
Te contarei a história daquele rei, morto por não ter podido te reencontrar
Não me deixe

Não me deixe
Quantas vezes não se reacendeu o fogo do antigo vulcão que julgávamos velho?
Até há quem fale de terras queimadas a produzir mais trigo que o melhor abril
E quando vem chegando a noite com um céu flamejante
Vê como vermelho e o negro se casam para que o céu se inflame
Não me deixe

Não vou mais chorar
Não vou mais falar
Me esconderei aqui para te contemplar a dançar e sorrir
Para te ouvir cantar e rir
Deixe que eu me torne a sombra da tua sombra
A sombra da tua mão
A sombra do teu cão
Não me deixe...
Não me deixe...
Não me deixe...
Não me deixe...

"Sobre a covardia dos homens"