quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Abre o coração... Ou eu arrombo a janela"

"Ouve a declaração, oh bela, de um sonhador titã
Um que dá nó em paralela e almoça rolimã

O home mais forte do planeta, tórax de Superman
- Tórax de Superman e coração de poeta

Não brilharia a estrela, oh bela, sem noite por detrás

Tua beleza de gazela, sob o meu corpo é mais

Uma centelha num graveto queima canaviais
- Queima canaviais, quase que eu fiz um soneto

Mais que na lua ou no cometa, ou na constelação
O sangue impresso na gazeta tem mais inspiração

No bucho do analfabeto, letras de macarrão
- Letras de macarrão fazem poema concreto

Oh bela, gera a primavera, aciona o teu condão

Oh bela, faz da besta-fera um príncipe cristão

Recebe o teu poera, oh bela, abre teu coração
- Abre teu coração ou eu arrombo a janela"

(Edu Lobo/Chico Buarque em "A Bela e a Fera" de "O grande Circo Místico")

terça-feira, 13 de abril de 2010

Onde?

Longe.
Longe é quando o olhar não alcança!
Quando a saudade é mais dor que desejo.
Longe é quando as mãos não se tocam.
Quando os abraços não se encontram.
Longe é quando a voz não se faz ouvida.
Quando os gritos são surdos.
Longe é quando o coração implode.
Quando o frio na barriga torna-se crônico.
Longe é quando não te vejo.
Quando o sazonal transforma-se cotidiano.
Longe é quando os porquês tornam-se por quês.
Quando nem sei que é você.
Longe é quando seu nome é mais um.
Quando qualquer um torna-se possível.
Longe é quando minha garganta seca não pede água.
Quando meus olhos choram poemas.
Longe é quando palpito sem razão.
Quando a alma vazia não sente mais dor.
Longe...
Longe...
Longe...

Onde?
Longe!

Longe é quando o que passou a nada remete.
E quando um suspiro sem nenhum propósito substitui seu nome!