Aqui dóem minhas dores. Aqui ardem minhas dúvidas. Explodem meus anseios. Exalto-me. Queixo-me. Perco-me. Encanto-me. Encontro-me. Choro. Suplico. Canto. Rio. Compartilho. Sonho. Vivo. Cicatrizes voláteis de uma desesperada tentantiva de vida!
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
miniiiiiiino!
QUEIMA A TUA LÍNGUA
PERFUMA ESSES LÁBIOS
MINHA CARNE É MINHA
LIMPA ESSES DEDOS
ENGOLE TEUS RESTOS
LAVA TEUS PENSAMENTOS
MEU PRAZER É MEU
ARRUMA TUA GOLA
ALINHA ESSE CABELO
ENGORDA TEUS CONCEITOS
MINHA CARNE É MINHA
TRANCA TEUS DIREITOS
DESENHA TEUS PLANOS
ENGRAVIDA TUAS IDÉIAS
O MEU PRAZER É MEU
MINHA CARNE AINDA É MINHA
MEU PRAZER É SEMPRE MEU
quinta-feira, 31 de julho de 2008
SOLIDÃO E DOIS (texto emprestado)
O SER-A-DOIS E A SOLIDÃO
Ninguém pode contestar que pela nossa própria constituição, pela nossa estrutura ontológica, pelo nosso estilo psicológico, a solidão está profundamente incrustada em nós e representa uma ameaça permanente. Nascemos na solidão, morremos nela, e toda a nossa vida se desenrola sob o signo dela. Mas, por estranho que possa parecer, ela mesma veicula em nós o desejo tão ardente de amor que só cresce à medida que somos cada vez mais ameaçados de sermos reduzidos ao estar-só. Este conflito, que parece decisivo, tem o seguinte desenlace: a solidão profunda gera o desejo profundo de amar. Quanto mais se está só, tanto mais se quer amar e ser amado.
E, como a solidão é uma negação e uma privação, algo como o nada em relação ao ser, ela não resiste a afirmação do amor que um dia pode esboçar-se em nós. É que, na realidade, apesar das aparências fatalistas, o homem não nasceu para a solidão. Carrega-a dentro de si como uma tentação e ao mesmo tempo um mau temível. Mas a sua existência não é uma complacência com a solidão. Ela é busca obstinada do amor.
Vivendo por si mesmo, o homem está ancorado na solidão. Mas a aspiração dele não tem por objeto – longe disto – o estar-só, mas o ser-a-dois.Duas solidões que se encontram, se superam e se lançam para fora de si mesmas, formam um amor.
E o amor não é, em suma, senão esta doçura de ser dois, que evocamos no início do texto. É a esta doçura que se opõe a tragédia do estar-só. Talvez seja necessário viver essa tragédia da maneira mais profunda possível, talvez seja necessário atingir esse momento em que o coração estoura e onde o espírito morre para compreender que o único caminho de felicidade humana é o do amor. Lembrem-se disto sempre os que receberam a graça de viver a doçura de ser-a-dois, e estejam atentos para não fazer soçobrar o seu privilégio em uma solidão que recriarão sob o impulso de seu egoísmo nefasto. O Eu só é verdadeiro se puder ser pronunciado diante de um Você.
play - presenças ausentes, ausências presentes
Do tipo que vive anestesiada com a eternidade da vida.
Hoje, consciente de sua brevidade, pego o touro pelos chifres, mesmo que seja por segundos.
A Van Gogh
Set/2001
na praia
É surpreendente como o cosmos consegue compensar nossas perdas.
Mergulhada em anos de amorfia, convivência morna, relacionamento distante, mentiras justificadas, substituições inquestionáveis. Emergi há poucos meses!
Fatos, antes banalizados, ganham sabor diverso e reverso.
É ótimo o sabor de uma quarta-feira num bar qualquer, da noite esticada num hotel barato, dum final de semana na praia, dum sábado jogando vídeo game, dum vinho (de procedência questionável) em companhia de amigos nem tão conhecidos, compras pro jantar a dois, do passeio ao shopping, do sexo envolvendo apenas as bagagens de duas pessoas, da descoberta da solidão-a-dois, da tecno-musique, do anos 80...
É sabor! É sabor!
Sentir-se premiada quase aos 40 do segundo tempo. Sentir-se acompanhada mesmo durante uma pequena milha e não evitar pensar no futuro. Pra quê? Se o presente nos é caro!
Deverá ter estranheza tamanha aportar em um abraço calmo com cheiro de primavera em Paris. April in Paris.
Depois de negar todos os clichês .
Depois de tantos nãos!
Cavar espaços para o “por que não?”.
Obrigada Ísis!
Obrigada Zeus!
Obrigada Vênus!
LACRIMAR-LACRIMANDO
Meu coração não conhece sábados, domingos ou feriados.
Há quem ousa, temporariamente, freá-lo ou pausá-lo. Que sejam temporários! Que sejam. Quem?
Não posso agendar meus sonhos, programar devaneios, fechar os olhos e simplesmente entrar em coma.
Não desejo isso.
E quando acordo, explodindo de paixão, vou à rua e grito.
E quando sonho, quero logo acordar e tomar minha porção de realidades sonhadas.
E quando me perco, longe, testa franzida, braços em cruz diante do peito ou mãos sobre os olhos a proteger-me do sol, é quando visualizo os tempos e as cheganças.
Não posso arquivar-me no domingo à noite e reativar minhas propriedades na segunda de manhã. E não quero esquecer os fardos da semana e viver lívida, calma e apaixonadamente meu final de semana em alguma colina verdejante.
Quero o amor hoje, que é quarta. Quero sonhar hoje que é semana. Quero acordar de repente e ver que é quinta-feira, ainda.
E estou viva, ainda.
Não quero regras: dias para se serem sonhados e dias para serem esquecidos; dias de viver e dias de se deixar levar; dias de ser e dias de ter.
Ao corpo em chamas, clamando pelo amado, quero apenas dizer: Ei-lo.
Ao coração que pergunta, apenas: Veja por si mesmo.
À mente perturbada: Durma, é só um sonho.
E ao derredor: Basta! Tomemos de assalto a vida.
É de hojes que são feitos os amanhãs.
19.07.2006
VÔMITO
Para aplacar essa dor contínua, angustiante, sufocante e dilacerante!
Seria tão mais simples... Nascer, crescer, ter boas notas na escola, passar na faculdade, arranjar um emprego interessante, namorar se apaixonar, casar e fazer outra pessoa... Nascer, crescer... só isso!
Mas não!
Sinto a dor interminável de um coração rasgado. Sinto seu pulsar expresso entre muita dificuldade vital, dúvidas, questionamentos, inadequação social.
Moldes!!
Moldes???
SILÊNCIO
Só um sol penetrando entre nuvens
Só o vento insistindo em adentrar
Só o frio vencido pelos edredons
E o estalo das páginas lidas
Só a respiração que oscila entre as diversas paisagens do livro
Só o zunir da energia de nossos corpos, entrelaçando-se
E, lá fora, os carros
longe...
Só um bocejo ou outro
Só um tic-tac e um tunc-tunc
Só minha pena deslizando
E o murmúrio da saliva escorregando traquéia abaixo
Só a movimentação de nossas órbitas oculares observadoras
Só o ir e vir de pensamentos domingueiros, vagos...
E, aqui, você
pertinho...
E o silêncio!
Reinando absoluto, servindo-nos de ponte
entre um beijo e outro.
Quem se atreverá a demolir
tão belo castelo de areias e cartas?
O tempo se encarrega de tecer lembranças
com fios indestrutíveis e onipresentes.
E o cosmos registra pra sempre no éter
meu sorriso de contentamento no hoje
quarta-feira, 30 de julho de 2008
sou pop? - 3
Sem título
Olhar a volta?
Olhar acima?
Olhar a frente?
Onde?
Onde?
Não ria
Não sofra
Não folgue
Olhe
Não nua
Não podre
Não bela
Não finja
Não corra
Não chore
Olhe
Não crua
Não fome
Não ela
Não minta
Não bata
Não jogue
Olhe
Não tua
Não hoje
Não dela
Não sinta
Não encolha
Não implore
Olhe
Feche os olhos para ver
sou pop? - 2
Ode
Teçam dos céus suas mais aprazíveis teias
Com seus fios indecorosos
Armados assim harmonizam o banal
Riem do cotidiano, empolgam-se no trivial
Enfeitem com colares de marfim essas damas de incerteza
Cantem seus cantos modais, atonais, politonais
E melodias curvilíneas, míticas, arrítmicas, felinas
Abalem os mundos das certezas eternas
Das verdades absolutas
Da perfeição invulnerável
Abalem os mundos das certezas internas
Das verdades obsoletas
Da perfeição inabalável
Tudo vale a pena se a alma não se apequena?
Não se acovarde!
Não se esconda!
Não se evite!
Não se ignore!
Is it your time?
It’s time again!
Yeah! There’s a time for us!
Again and again!
sou pop?
Ode
Teçam dos céus suas mais aprazíveis teias
Com seus fios indecorosos
Armados assim
Ridicularizam o banal
Riem do cotidiano
Empolgam-se no trivial
Enfeitem com colares de marfim
Essas damas de incerteza, insegurança, obscuridade e imprecisão
Cantem seus cantos modais, atonais, politonais
Tonalizem com suas melodias curvilíneas, arrítmicas, felinas
Abalem os mundos das certezas eternas
Das verdades absolutas
Da perfeição invulnerável
Abalem os mundos das certezas internas
Das verdades obsoletas
Da perfeição inabalável
Tudo vale a pena se a alma não se apequena
Não se acovarde!
Não se esconda!
Não se evite!
Não se ignore!
Is it your time?
It’s time again!
Yeah! There’s a time for us!
Again and again!